A tristeza e a angústia estão aumentando. A indústria do lazer está expandindo. Nunca tivemos uma fonte de estímulos para' excitar a energia emocional como na atualidade. A indústria da moda, os parques temáticos, os jogos esportivos, a Internet, a televisão, os estilos musicais e a literatura explodiram nas últimas décadas. Esperávamos que nossa geração fosse a que vivesse o mais intenso oásis de prazer e tranqüilidade. Nós nos enganamos, jamais fomos tão tristes e inseguros.
A solidão está se expandindo. As sociedades estão adensadas. No começo do século XX, éramos um pouco mais de um bilhão de pessoas. Hoje, só a China e a Índia têm cada uma, mais de um bilhão de pessoas. Por vivermos tão próximos fisicamente, a solidão seria estancada. Mas nos enganamos novamente, a solidão nos contaminou. As pessoas estão sós nos elevadores, no ambiente de trabalho, nas ruas, nas praças esportivas. Estão sós no meio da multidão.
O diálogo está morrendo. Muitos só sabem falar de si mesmos quando estão diante de um psiquiatra ou psicólogo. Pais e filhos não cruzam suas histórias, raramente trocam experiências de vida. A família moderna está se tornando um grupo de estranhos, todos vivem ilhados em seu próprio mundo.
As discriminações chegaram a patamares insuportáveis. Perdemos o sentido de espécie, estamos indo contra o grito de mais de 100 bilhões de células e contra o clamor do fantástico funcionamento da mente que nos acusam de sermos uma única e intrigante espécie. Mas, infelizmente, nos dividimos, discriminamos e excluímos. Não honramos o espetáculo das idéias, nossa capacidade de pensar.
Os pensadores estão morrendo. Os estudantes no mundo todo estão se tornando, em sua grande maioria, do ensino fundamental a universidade, uma massa de repetidores de informações e não de pensadores que amam a arte da crítica e da dúvida. Aprendemos a explorar os detalhes dos átomos e as forças que regem o Universo, mas não sabemos explorar o mundo interior. Temos informações que uma geração jamais teve, mas não sabemos pensar, transformar a informação em conhecimento e o conhecimento em experiência.
A qualidade de vida está se deteriorando. Quanto pior a qualidade da educação, mais importante será o papel da psiquiatria no terceiro milênio. Apesar dos avanços da medicina, da psicologia e da psiquiatria, o normal tem sido ser ansioso e estressado e o anormal tem sido ser tranqüilo e relaxado. As ciências da psique têm enfocado o tratamento e não a prevenção. Nada é tão injusto como produzir um ser humano doente para depois tratá-la, produzir as lágrimas para depois aliviá-las.
Prof. Augusto Cury
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